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Anistia Internacional lança plataforma mundial de ativismo em direitos humanos - AGÊNCIA BRASIL - DIREITOS HUMANOS

A Anistia Internacional lançou ontem (27) uma plataforma para que ativistas do mundo todo se articulem e se unam por uma causa de direitos humanos. O site dará suporte a mais uma edição da Maratona Escreva Por Direitos, iniciativa global que incentiva a confecção de cartas de solidariedade para pessoas em situações críticas de violação de direitos e para pressionar as autoridades responsáveis pelos casos.

A ferramenta permite, por exemplo, organizar evento de mobilização em escola, bairro ou com colegas de trabalho, promover atividades de educação em direitos humanos com base nos manuais disponíveis e realizar arrecadação de fundos para apoiar o trabalho da Anistia Internacional no Brasil.

Assessora de ativismo da Anistia Internacional no Brasil, Jandira Queiroz, explicou que até final de janeiro a plataforma deve priorizar a campanha sobre seis casos de violações em diversos países. "Focamos os esforços de mobilização de nossos ativistas para fazer a diferença em casos específicos que estão prestes a serem solucionados ou a sofrerem alguma mudança," explicou. "As pessoas podem enviar e-mail para as autoridades relacionadas a cada um dos seis casos, enviar cartas, que podem ser baixadas no site, realizar seus próprios eventos. A Anistia Internacional parte do princípio que quando um direito humano é violado contra qualquer pessoa em qualquer lugar , todos estamos em risco de que aquela violação aconteça com a gente. Essa é a síntese do sentimento dessa campanha".

Um dos casos de violações diz respeito à comunidade Santa Rosa, no Maranhão, onde vivem e trabalham cerca de 30 famílias em uma área de 509 hectares. A atividade principal é o extrativismo da carnaúba feito de forma coletiva. O pó da carnaúba é base para a fabricação de chip de celular, cosméticos, materiais de construção, entre outros. A terra é propriedade da União/Marinha, mas por falta de regularização fundiária, o conflito pela disputa da terra resultou no assassinato do líder comunitário Zé Nedina.

Outro caso presente na campanha deste ano é o da construção de uma hidrelétrica no estado British Columbia, no Canadá, que ameaça a cultura e o modo de vida dos povos indígenas de Moberly do Oeste e as comunidades tradicionais de Prophet River. A barragem pode extinguir áreas dedicadas à pesca, caça e cerimônias sagradas.

A anistia também aposta na pressão social para que o presidente norte-americano Barack Obama use seus últimos dias como presidente para perdoar o analista de sistema Edward Snowden, que denunciou uso de informações pessoais em esquema de vigilância global por governos. Ele está foragido na Rússia, acusado de vender segredos do governo americano a inimigos do país.

A Maratona Escreva por Direitos começou em 2003 e o Brasil participa há quatro anos da campanha. Em 2015, quase 30 mil ações brasileiras foram feitas para seis casos de violações de direitos humanos no mundo, dois do Brasil.

Jandira lembrou que as ações têm efeitos concretos sobre a vida das pessoas vítimas de violações. "Em 2014, um rapaz condenado à morte na Nigéria acusado de furto de aparelhos celulares disse que foi forçado sob tortura a assinar uma confissão. A Anistia Internacional identificou que o governador tem o poder de perdoar algumas condenações nos últimos dias de governo e fizemos muita pressão. O governador concedeu o perdão e citou o ativismo da Anistia", disse.

O rapaz que foi libertado disse que as cartas de solidariedade que recebeu enquanto estava preso deram muita força para ele acreditar que haveria justiça e hoje ele é um ativista de direitos humanos em seu país. "O caso dele é um entre muitos casos de sucesso que acumulamos ao longo dos anos".

Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil
Edição: Fábio Massalli